Escravidão, obesidade e Covid: Veja os absurdos ditos por Lula e ignorados pela esquerda desde a campanha

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se tornou alvo de críticas de opositores em redes sociais por declarações dadas nesta semana sobre escravidão e obesidade. Gafes, no entanto, se acumulam desde a campanha, no ano passado.

Em evento público nesta quarta (15), o petista falou sobre a obesidade do ministro da Justiça, Flávio Dino(PSB), em um evento público. O presidente classificou a obesidade como uma doença que causa tanto mal quanto a fome e disse que o ministro agora estaria andando de bicicleta, por estar acima do peso.

A declaração provocou reações de opositores. O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), por exemplo, escreveu: “Alô galerinha chata que acha obesidade lindo: o Lula falou o óbvio aqui. Vão chamá-lo de gordofóbico também? Ou vão parar de glamourizar uma doença?”

A declaração de Lula ocorreu dois dias após outra, também polêmica. Na segunda (13), o presidente foi alvo por romantizar a miscigenação brasileira.

“Resolveram contar a história que os índios eram preguiçosos e, portanto, era preciso trazer o povo negro da África para produzir nesse país. Ora, toda a desgraça que isso causou ao país causou uma coisa boa, que foi a mistura, a miscigenação”, disse Roraima.

Entre os críticos, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio (PSDB) afirmou que nada justifica o processo de servidão estabelecido no Brasil por séculos. “Então, o senhor acha que a ‘preguiça dos índios’ levou à escravidão de negros, africanos, e que isso foi bom, porque provocou a miscigenação? Presidente, nada justifica a escravidão. A ditadura, que o senhor não combateu, submeteu os brasileiros a um tipo específico de escravidão”, escreveu.

Já durante a campanha eleitoral, Lula foi cobrado por apoiadores após escorregões na linguagem inclusiva. As queixas, geralmente feitas em privado, giravam em torno do uso de palavras como “índio” (em vez de indígena) e “escravo” (no lugar de escravizado) e de referências que contrariam, por exemplo, os veganos, com repetidas alusões a churrasco e picanha.

Relembre gafes cometidas por Lula:

Vantagem do coronavírus (20.mai.2020)

Em 2020, Lula afirmou que o surgimento da pandemia do coronavírus foi positivo para alertar o governo Bolsonaro sobre a importância de um Estado forte para conter o avanço da crise econômica.

O petista falou sobre o tema em uma entrevista à revista Carta Capital.

“O que eu vejo? Quando eu vejo essas pessoas acharem que tem que vender tudo que é público e que tudo que é público não presta nada… Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o estado é capaz de dar solução a determinadas crises.”

Policial x gente (30.abr.2022)

Em abril de 2022, Lula cometeu uma gafe sobre policiais no momento do discurso em que fazia uma série de críticas a Jair Bolsonaro (PL).

“Hoje temos um presidente que não derramou uma lágrima pelas vítimas da Covid ou com a catástrofe que houve em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ele não tem sentimento. Ele não gosta de gente, ele gosta de policial. Ele não gosta de livros, ele gosta de armas”, disse o petista na ocasião, em um evento com mulheres na zona norte de São Paulo.

No dia seguinte, Lula pediu desculpas pela fala.

Naquela semana, Lula afirmou que o mundo “está chato para cacete” e pesado porque todas as piadas viraram politicamente erradas. “Então não tem mais graça. Se você quer dar risada é nesses programas de humorismo chatos pra cacete na televisão”, disse o petista.

Chama sequestradores de ‘meninos’ (17.jun.2022)

Uma fala de Lula sobre sua atuação para a extradição dos sequestradores do empresário Abílio Diniz, ocorrida há mais de 23 anos, virou nova munição de Bolsonaro e seus aliados contra o petista na corrida eleitoral pelo Palácio do Planalto.

Durante um ato político em Maceió, Lula relembrou em discurso como intercedeu junto ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, em dezembro de 1998, para que atendesse às reivindicações de oito presos por aquele crime.

Na época, o grupo de sequestradores estava havia 46 dias em greve de fome e ameaçava iniciar uma greve seca, com a interrupção de ingestão de água. Sete estrangeiros pediam a extradição para seus respectivos países (Chile e Argentina), e o brasileiro, transferência para seu estado de origem (Ceará).

O episódio já era conhecido, e a fala foi feita pelo petista para ilustrar sua antiga relação com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), à época ministro da Justiça de FHC.

“Depois de uma longa conversa com o Renan, ele disse: ‘Lula, vai conversar com o Fernando Henrique Cardoso que eu tenho toda disposição para mandar soltar o pessoal’. Fui ao Fernando Henrique Cardoso: ‘Fernando, você tem a chance de passar para a história como um democrata ou como um presidente que permitiu que dez jovens que cometeram um erro morram na cadeia’”, relatou o petista na ocasião.

“Ele disse: ‘Se você conversar com eles, e eles acabarem com a greve de fome, eu solto eles’. Eu fui na cadeia no dia 31 de dezembro e falei com os meninos: ‘Vocês vão ter que dar a palavra para mim e garantir que vão acabar com a greve de fome agora e vocês vão ser soltos’. Eles respeitaram a proposta, pararam a greve de fome, foram soltos e não sei onde estão agora.”

Manda militância pressionar famílias de deputados (06.abr.2022)

Em abril de 2022, Lula foi criticado por defender, em evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores), que a militância sindical procurasse deputados e seus familiares na casa deles para pressionar a favor de propostas que interessassem ao setor em um eventual governo petista a partir de 2023.

“Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas na casa, não é para xingar não, é para conversar com ele, com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele, surte muito mais efeito do que fazer a manifestação em Brasília”, disse naquele momento.

Violência contra mulheres (20.ago.2022)

Em comício realizado no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, o petista cometeu uma gafe ao condenar a violência contra as mulheres. “Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil, porque nós não podemos aceitar mais isso.”

Esse trecho do discurso foi levado à televisão pela campanha de Bolsonaro na propaganda eleitoral para atacar o petista.

Em abril, durante ato da pré-campanha, Lula chegou a afirmar que Bolsonaro “não gosta de gente, ele gosta de policial” —e se desculpou aos policiais pela declaração no dia seguinte.

Associa capiau do interior a pessoa ignorante (23.set.2022)

Em setembro de 2022, Lula se referiu a Bolsonaro como “ignorante” e associou esse termo ao “capiau do interior de São Paulo”, o que pode ser considerado mais um deslize do petista na campanha eleitoral.

As declarações foram dadas em sabatina com o apresentador Ratinho, no SBT, num momento em que Lula criticava o atraso do governo Bolsonaro na compra de vacinas da Covid-19.

“É uma estupidez de alguém que é um pouco ignorante, é o que ele é mesmo, um pouco ignorante. Aquele jeitão bruto dele, de capiau lá do interior de São Paulo, aquele capiau de Registro [no Vale do Ribeira], bem duro assim, bem ignorante”, disse Lula.

“Porque tem gente que acha que ser ignorante é bonito e não é. O que é bonito é você ser educado, ser um cara refinado como eu”, seguiu.

Escravidão x miscigenação brasileira (13.mar.2023)

O presidente Lula foi alvo de críticas ao relacionar escravidão com a miscigenação brasileira.

“Resolveram contar a história que os índios eram preguiçosos e, portanto, era preciso trazer o povo negro da África para produzir nesse país. Ora, toda a desgraça que isso causou ao país causou uma coisa boa, que foi a mistura, a miscigenação. Da mistura entre indígenas, negros e europeu, permitiu que nascesse essa gente bonita aqui”, afirmou o petista enquanto visitava a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Obesidade de Flávio Dino (15.mar.2023)

Lula falou sobre a obesidade do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), em um evento público e foi alvo de críticas de opositores em redes sociais.

Lula classificou a obesidade como uma doença que causa tanto mal quanto a fome, sendo necessário cuidado do Estado para este problema, e disse que Dino agora estaria se exercitando, andando de bicicleta, por estar acima do peso.

“Aqui ninguém está com excesso de magreza, a não ser o nosso poeta. O restante está tudo com um pouco de obesidade, que também é uma doença que nós precisamos cuidar. A nossa médica que é ministra da Saúde sabe perfeitamente bem que a obesidade causa tanto mal quanto à fome. E por isso que o Flávio Dino está andando de bicicleta, porque ele sabe que isso vai precisar que o Estado cuide com muito carinho desse mal”, disse.

Folha de SP

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