Com Lula: Alertas de desmatamento batem recorde para fevereiro — e mês ainda não acabou
Áreas devastadas na Amazônia Legal são as maiores desde 2015, início da série histórica.
Foto: Divulgação/Operação Verde Brasil
Fevereiro ainda não terminou e os alertas de desmatamento na Amazônia Legal já bateram recorde para o mês. Os dados, divulgados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira, 24, mostram que 209 km² foram desmatados até o dia 17 de fevereiro — a maior marca para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2015.
O Inpe disponibiliza às sextas-feiras os dados da semana anterior. Os números do mês de fevereiro serão fechados na próxima semana, em 3 de março.
O monitoramento das áreas é feito pelo sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), alertando tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação, com extração ou queimadas.
A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, e engloba a área total de oito Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão.
De acordo com os dados do Inpe, os Estados que mais desmataram em fevereiro, até o dia 17, são Mato Grosso (129 km²), Pará (34 km²) e Amazonas (23 km²).
Vejas as áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia Legal em fevereiro, entre 2015 e 2023, conforme dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Inpe:
- 2016 — 115 km²
- 2017 — 101 km²
- 2018 — 146 km²
- 2019 — 138 km²
- 2020 — 186 km²
- 2021 — 123 km²
- 2022 — 199 km²
- 2023 — 209 km² (até 17/02)
Em janeiro, os dados do Inpe mostraram queda do desmatamento na região. Os alertas foram para 167 km², o que representava uma queda de 61% em relação ao mesmo período de 2022. Porém, técnicos alertaram que o número poderia não corresponder à realidade em razão de maior cobertura de nuvens no período, que impediram a verificação completa do desmatamento.
“A queda observada nos dados de desmatamento, em janeiro, deve ser interpretada com cautela, pois a cobertura de nuvem registrada nesse período é a maior dos últimos seis anos para o início do ano. A cobertura de nuvem pode aumentar o tempo de detecção pelo sistema Deter que usa imagens de satélites com sensores ópticos”, disse Daniel Silva, especialista em conservação ambiental, em entrevista ao G1.
O governo Lula ainda não se pronunciou sobre o triste recorde. Tanto o presidente quanto petistas e aliados do partido sempre foram críticos da política ambiental do governo de Jair Bolsonaro. Em debate promovido pela TV Globo, durante a campanha, Lula disse que a administração de seu antecessor estava “desmatando” a Floresta Amazônica.