Chamado de golpista, Temer diz que Lula ‘tenta reescrever a história por meio de narrativas ideológicas’
Ex-presidente Michel Temer posa para foto em seu gabinete no Palácio do Planalto, em Brasília, enquanto chefe do Executivo federal
Em resposta ao petista, ex-presidente elencou dados positivos de seu período à frente do Planalto e ressaltou que a pena aplicada a Dilma Rousseff está prevista para quem infringe a Constituição
O ex-presidente Michel Temer (MDB) utilizou as suas redes sociais nesta quarta-feira, 25, para elencar uma série de dados positivos de seu período à frente do Palácio do Planalto como forma de resposta às acusações realizadas pelo atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que o emedebista é um “golpista” — em referência ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), ocorrido no ano de 2016. O ex-companheiro de chapa da petista publicou um conjunto de mensagensnas quais ressalta que, mesmo após Lula ter vencido as eleições com o objetivo de administrar o futuro do país, o mesmo insiste em “manter os pés no palanque e os olhos no retrovisor”, numa tentativa de “reescrever a história por meio de narrativas ideológicas”. O antigo mandatário também ressaltou que o Brasil não presenciou um golpe durante o impeachment de Dilma e que, na verdade, houve uma aplicação da pena prevista para quem infringe a Constituição Federal. Na sequência, Temer elenca, com ironia, uma série de resultados econômicos conquistados durante sua gestão à frente da presidência como forma de resposta a Lula: “Destruí um PIB negativo de 5% para positivo de 1,8%; inflação de dois dígitos para 2,75%; juros de 14,25 para 6,5%; queda do desemprego ao longo do tempo de 13% para 8%, graças à reforma trabalhista; recuperação da Petrobras e demais estatais, graças à Lei das Estatais; destruí a Bolsa de Valores, que cresceu de 45 mil pontos para 85 mil pontos; cometi a destruição de elevar o recorde na produção de grãos, nas exportações e na balança comercial”, publicou o emedebista, antes de recomendar ao atual presidente uma governança “olhando para a frente, defendendo a verdade, praticando a harmonia e pregando a paz”.
A série de mensagens foi postada após a fala de Lula nesta quarta-feira, 25, no Uruguai e ao lado do mandatário local, Luis Lacalle Pou, em que o petista comentou sobre a situação do país pós-saída do Partido dos Trabalhadores do poder — ele afirmou ter assumido um país “semidestruído”. “Quando deixamos a Presidência o Brasil era a sexta economia do mundo, agora voltamos e o Brasil é a 13ª. Isso significa que tudo que fiz de política social durante 13 anos de governo foi destruído em sete anos. Três do golpista Michel Temer e quatro do governo Bolsonaro“. A manifestação presidencial não foi bem recebida por integrantes do Congresso, e o petista pode, inclusive, ser alvo de um pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) criticou a fala do presidente e afirmou que seu posicionamento “atenta contra os Poderes e contra a Constituição Federal” — já que o afastamento de Dilma Rousseff foi chancelado pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal, enquanto representantes do Legislativo, e pelo Supremo Tribunal Federal, enquanto instância máxima do Judiciário. “A situação que por si só impõe a abertura de impeachment pela flagrante prática de crime de responsabilidade”, defendeu o parlamentar. A acusação de Lula também contrapõe seu posicionamento durante a cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes como novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia 16 de agosto de 2022. Na ocasião, Lula e Temer sentaram-se lado a lado e, antes do início das etapas cerimoniais, foram flagrados pelas câmeras conversando durante alguns minutos ao pé do ouvido. A imagem também foi compartilhada por Temer nas redes como forma de expor o atual presidente da República.
NOTA À IMPRENSA
Mesmo tendo vencido as eleições para cuidar do futuro do Brasil, o presidente Luis Inacio Lula da Silva parece insistir em manter os pés no palanque e os olhos no retrovisor, agora tentando reescrever a história por meio de narrativas ideológicas.